quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Palavras que ficam quando a vida se esvai

Getúlio Vargas, Kurt Cobain, Heinrich von Kleist e Vinícius Gageiro Marques. Essas foram algumas das pessoas de casos famosos de suicídio e têm em comum mais um fator: deixaram uma carta antes de cometerem suicídio.

As estatísticas dizem que cerca de 20% dos suicidas fazem o mesmo. Segundo uma tese de doutorado da professora da Universidade de Utah Dra. Lenora Olson, as causas que levariam alguém a escrever uma nota antes morrer seriam: aliviar ou aumentar a dor dos que ficaram (isentando-os ou atribuindo-lhes culpa), esclarecer a razão do suicídio, deixar instruções do que fazer com o que restou e atrair piedade ou chamar atenção.

Há ainda aqueles que nada escrevem, que seriam analfabetos ou não habituados com a linguagem escrita, pessoas que não teriam a quem escrever ou o que deixar, com dificuldade de se expressar, que não planejaram o suicídio com muita antecedência, ou na esperança de que a morte seja interpretada como homicídio na tentativa de manter uma boa imagem ou o seguro de vida.

Além disso, esses dados apresentados demonstram uma questão contraditória a ser levantada: deixar uma nota antes de tirar a própria vida demonstra, no mínimo, um desejo de que um pedaço de si permaneça no mundo. Seja para confortar parentes, culpá-los ou dar explicações, a essência da pessoa estampada, os sentimentos traduzidos em tinta estarão eternizados. Mostra que poderiam ser ajudados, se ouvidos. São pessoas que não valorizam a vida, mas o fazem suficientemente para deixarem satisfações, saindo da vida para entrar na “memória”.

Por Juliana Dutra
Terça-feira , 04 de Novembro de 2008

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